O Diabete Melito é uma desordem hormonal caracterizada pela secreção insuficiente ou ausente de insulina pelo pâncreas endócrino, causando um estado de hiperglicemia (>120 mg/dl), ou ainda por defeitos nos receptores de insulina bem como pela falta das enzimas envolvidas neste processo da entrada da insulina na célula.

Caracterizada por altas concentrações de glicose no sangue e na urina, a diabetes mellitus é uma das desordens hormonais mais comuns no cão. Porém, hiperglicemia pode estar relacionada à outras causas como: estresse de coleta, efeitos pré-prandiais, hiperadrenocorticismo ( levando à um diabete secundário), diestro, insuficiência renal, pancreatite, neoplasias do pâncreas exócrino e/ou endócrino, administração de glicocorticóides ou progestágenos, soluções glicosadas e nutrição parenteral, feocromocitoma no cão, e acromegalia nos gatos (pelo aumento na produção do hormônio do crescimento – GRH).


A variação média de idade para o aparecimento da diabetes em cães é de quatro a catorze anos, com a maior parte dos casos ocorrendo entre sete e nove anos de idade. Embora os machos também sejam afetados pela doença, a ocorrência em fêmeas é duas vezes maior. Suspeita-se de predisposição genética para a diabetes em algumas raças como Keeshond, Pulik, Cairn Terrier e Pinscher Miniatura. Além destes, Dachshunds, Schnauzers Miniatura, Poodles e Beagles também são freqüentemente afetados pela doença.
O Diabete Melito pode ser classificado em: Tipo 1 (insulina dependente caracteriza-se pela secreção muito reduzida ou ausente de insulina, que não é suficiente para impedir a produção de corpos cetônicos causando cetoacidose diabética, muito mais comum em cães por produzirem menos insulina que os gatos. Este tipo de diabete é mais comum em cães de meia idade (6 – 10 anos)), Tipo 2 (não insulina dependente, secreção de insulina geralmente é suficiente para impedir cetose, mas não é suficiente para impedir hiperglicemia ou superar resistência à insulina. É mais comum em gatos pela deposição de substâncias amilóides no pâncreas, caracterizada por caráter hereditário ) e Tipo 3 ( diabete secundário à uma outra doença primária ou à uma terapia que induziu resistência à insulina. Em cães as mais comuns são: pancreatite, hiperadrenocorticismo, e administração de progestágenos. Em gatos em casos de: hipertireoidismo, acromegalia, e pancreatite).
Os sinais comumente observados incluem polidipsia, poliúria, polifagia, e perda de peso. Dependendo do estágio da doença, pode também ocorrer obesidade, cataratas, desidratação, letargia, fraqueza e halitose cetônica.


Os sintomas comuns notados em cães diabéticos incluem sede excessiva, aumento do volume de urina e incontinência urinária. Os cães afetados muitas vezes perdem peso, apesar do aumento de apetite. Outros sintomas podem incluir perda de visão, cansaço e fraqueza.

O diagnóstico dá-se pelo histórico, a soma dos sinais clínicos e achados laboratoriais que podem ser: hiperglicemia, glicosúria, hipercolesterolemia, fosfatase alcalina e ALT aumentadas, azotemia, hiponatremia, cetonemia e cetonúria. O exame diagnóstico mais indicado é a dosagem das proteínas glicosiladas (frutosamina e hemoglobina glicosilada) para se obter o que ocorreu nos últimos 2. O veterinário também pode programar uma internação hospitalar para o cão, com o objetivo de fazer uma série de checagens da taxa de glicose no sangue, a cada uma ou duas horas, por um período de 12 a 14 horas. Esta série de testes, chamada de curva glicêmica, fornecerá informações sobre a eficácia da dose de insulina administrada e quando tempo dura o efeito de cada dose. De acordo com os resultados, o veterinário pode ajustar o tipo de insulina, a dosagem e a freqüência da administração para manter o nível de glicose no sangue dentro dos padrões normais, por períodos de 24 horas.

O tratamento em uma primeira instância deve iniciar com uma dieta à base de fibras e com incorporação de atividade física constante. O segundo passo pode ser a instituição de fármacos hipoglicemiantes orais ou insulina exógena.Os objetivos são diminuir a produção hepática de glicose e sua absorção intestinal, aumentar a sensibilidade periférica à insulina e aumentar a secreção de insulina. Fêmeas inteiras precisam ter os ovários extirpados assim que a diabetes se estabiliza para evitar perturbações no controle da doença, devido a flutuação dos hormônios relacionados à reprodução. O veterinário escolherá o tipo de insulina apropriado para o cão.
Os tipos de insulina incluem a cristalina normal, NPH, PZI, lente e ultra-lente. O veterinário vai indicar a dose unitária específica de insulina com base em diversos fatores, inclusive o peso do animal e o tipo da insulina. A meta não é obter o controle absoluto da doença, mas, antes, permitir ao cão e ao proprietário se acostumarem com a nova rotina de injeções diárias e alterações na dieta. O cão é re-examinado normalmente uma vez por semana. É comum o médico veterinário reajustar o esquema de insulina durante as consultas.