A erliquiose canina é uma importante doença infecciosa cuja prevalência tem aumentado significativamente em várias regiões do Brasil. É transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus, e tem como agente etiológico a Erhlichia canis. Estas rickettsias infectam essencialmente os animais, existindo espécies que acometem naturalmente os canídeos, equídeos, ruminantes, e o homem sendo que a infecção em gatos é rara. A Erliquiose é uma doença de difícil diagnóstico na fase inicial da infecção, porque os sintomas podem sugerir várias outras doenças comuns aos caninos.

A Erliquiose pode permanecer sub-clínica, isto é, sem sintomas aparente por vários meses ou até anos, não sendo raro o médico veterinário descobrir a doença no animal ocasionalmente em exames de sangue de rotina. Animais que tem ferimentos com difícil coagulação sanguínea são suspeitos de estarem contaminados pela Erliquiose, e fazer qualquer cirurgia no animal sem ter a certeza de que o animal não é portador da doença pode levar o cão a riscos desnecessários na cirurgia, por isso antes de qualquer procedimento cirúrgico devemos realizar alguns exames de rotina pensando sempre na preservação da saúde do animal.

No momento da transmissão da Erliquiose, o carrapato poderá transmitir outros agentes tais como: Babesia, Hepatozoon e Hemobartonella canis. A Ehrlichia spp. pode ser transmitida por transfusões sanguíneas, de modo que os doadores de sangue devem ser sorologicamente selecionados para a evidencia de infecção.O vetor de maior importância na transmissão da enfermidade é o carrapato, mais especificamente, o Rhipicephalus sanguineus (couto, 1998). Esta espécie é de grande importância por ser cosmopolita, tendo como hospedeiro principal o cão . No carrapato, a E. canis se multiplica nos hemócitos e nas células da glândula salivar, propiciando, portanto, a transmissão transestadial. A transmissão entre animais se faz pela inoculação de sangue proveniente de um cão contaminado para um cão sadio, pelo intermédio do carrapato.


Os sinais clínicos são variáveis, destacando-se o aumento do volume de gânglios (linfonodos), aumento do fígado (hepatomegalia) e aumento do baço(esplenomegalia), bem como alterações no sangue. Fase aguda (Febre, falta de apetite, perda de peso e uma certa tristeza podem surgir entre uma e três semanas após a infecção. O cão pode apresentar também sangramento nasal, urinário, vômitos, manchas avermelhadas na pele e dificuldades respiratórias. É importante estar sempre atento à saúde do animal. Normalmente o dono só percebe a doença na segunda fase, e assim como outras doenças, o diagnóstico precoce é fundamental para a recuperação). Fase subclínica (O cachorro não mostra nenhum sintoma clínico, apenas alterações nos exames de sangue. Somente em alguns casos o cão pode apresentar sintomas como inchaço nas patas, perda de apetite, mucosas pálidas, sangramentos, cegueira, etc. Caso o sistema imune do animal não seja capaz de eliminar a bactéria, o animal poderá desenvolver a fase crônica da doença). Fase cônica (Os sintomas são percebidos mais facilmente como perda de peso, abdômen sensível e dolorido, aumento do baço, do fígado e dos linfonodos, depressão, pequenas hemorragias, edemas nos membros e maior facilidade em adquirir outras infecções. A doença começa a assumir características de uma doença auto-imune, comprometendo o sistema imunológico. Geralmente o animal apresenta os mesmos sinais da fase aguda, porém atenuados, e com a presença de infecções secundárias tais como pneumonias, diarreias, problemas de pele etc. O animal pode também apresentar sangramentos crônicos devido ao baixo número de plaquetas (células responsáveis pela coagulação do sangue), ou cansaço e apatia devidos à anemia.)


O diagnóstico consiste na observação dos sinais clínicos e exames laboratoriais. O laboratorial consiste na observação de E. canis em esfregaços de sangue do cão infectado ou em decalques dos órgãos alvo, testes sorológicos, teste de PCR e hemograma.

A doença é tratada com o uso do antibiótico “DOXICILINA” , em qualquer fase da doença. A duração do tratamento vai depender da fase da doença em que o cão se encontra. Na fase aguda, o tratamento deve ser instituído por 21 dias. Para os animais na fase crônica, o tratamento pode durar até 3 meses. Também é necessário durante o tratamento a utilização de suplementação de ferro e outras vitaminas. Quanto mais cedo se começa o tratamento, são maiores as chances de cura. Em cães nas fases iniciais da doença, observa-se melhora do quadro clínico após 24 a 48 horas do início do tratamento.

Para prevenir deve-se verificar a presença de carrapato no cão com freqüência, desinfetar o ambiente onde o animal vive periodicamente, usar produtos veterinários carrapaticidas como sabonetes, xampus, coleiras e pipetas, manter a grama do jardim sempre curta e estar atento aos hotéis para cães, pois se há algum cão infectado, ele poderá transmitir a doença através de outro carrapato do local.

A erliquiose é uma doença que pode levar os cães a morte e como não existe vacinas é fundamental a prevenção através do controle dos carrapatos e tratando os animais com a doença.