Insuficiência renal é a condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas. A insuficiência renal pode ser aguda (IRA), quando ocorre súbita e rápida perda da função renal, ou crônica (IRC), quando esta perda é lenta, progressiva e irreversível. Além de eliminar resíduos e líquidos do organismo, os rins executam outras funções importantes: regulam a água do organismo e outros elementos químicos do sangue como o sódio, o potássio, o fósforo e o cálcio;eliminam medicamentos e toxinas introduzidos no organismo;liberam hormônios no sangue.Esses hormônios:regulam a pressão sangüínea;fabricam células vermelhas do sangue;fortalecem os ossos.
A IRA pode ser definida como declínio abrupto e sustentado na filtração glomerular, daí o resultando azotemia. A azotemia pré-renal pode resultar de qualquer distúrbio que diminua a perfusão renal ou que resulte em aumento da produção de uréia. A azotemia renal é causada por insuficiência renal e ocorre quando 75% dos néfrons ficam não-fucionais. Ocorre freqüentemente uma isostenúria e a densidade específica urinária fica quase sempre em < 1.025. A azotemia pós-renal resulta da diminuição na eliminação de urina a partir do corpo, mais freqüentemente devida à obstrução uretral ou ruptura vesical. Os sinais clínicos resultam da incapacidade dos rins excretarem resíduos metabólicos e regularem adequadamente os equilíbrios hídricos, ácidos, básicos e eletrolíticos.O sinais costumam ser inespecíficos e incluem letargia, depressão, anorexia, vômito, diarréia, desidratação, congestão esclerótica variável, ulceração oral, glossite, necrose de língua, hálito urêmico, hipotermia, febre, taquipnéia, bradicardia, vesícula urinária não palpável.O diagnóstico é feito a partir de achados da anamnese, exame físico ,avaliação laboratorial, exame de imagem e biopsia renal. O exame físico revela sinais relacionados com a uremia, desidratação e fraqueza, mucosas pálidas e emagrecimento. No hemograma pode observar leucocitose, monocitose, aumento no hematócrito e nas plaquetas plasmáticas compatíveis com a desidratação. As anormalidades bioquímicas incluem azotemia e hiperfosfatemia. Já na urinálise revela uma densidade específica urinária tanto com isostenúria (1.007-1.012) quanto concentrada (<1.025). O tratamento consiste em eliminar distúrbios hemodinâmicos renais e aliviar os desequilíbrios líquidos de solutos de modo a ganhar tempo para que os néfrons se recuperam e regenerem. Deve-se tratar doença subjacente. A fluidoterapia intensiva é muito importante no trtatamento. É necessário monitorar a massa corpórea, a hidratação, a pressão arterial, a ingestão hídrica e alimentar e o débito urinário. Deve-se realizar alimentação especícica. Um tratamento alternativo nos casos de IRA é a terapia dialitica, quando a fluidoterapia e a terapia diurética não obtiveram êxito em termos de alivio da oligúria e uremia.
A IRC é a doença renal mais comum em cães e gatos idosos. Esta síndrome caracteriza-se pela incapacidade dos rins funcionarem, devido à perda progressiva dos néfrons, dentro de um período de meses a anos. As anormalidades da função renal devem-se a causas pré- renais, renais e pós- renais e induzem aumento da concentração de creatinina, uréia e outros compostos nitrogenados não protéicos no sangue resultando em azotemia. A insuficiência renal crônica de origem genética (hereditária) costuma ocorrer nas seguintes raças: Basenji, Beagle, Bull Terrier, Cairn Terrier, Chow Chow, Cocker Spaniel, Dobermann Pinscher, Pastor Alemão, lhasa Apso, Shih Tzu, Maltes, Schnauzer, Norwegian Elkhound, Rottweiler, Samoieda, Shar Pei e Poodle. A causa mais comum da insuficiência renal crônica é o processo normal de envelhecimento, que provoca a perda gradual das funções renais. Como a doença é progressiva e irreversível, o prognóstico para os cães afetados é ruim. Os Sinais são polidipsia, aumento do consumo de água, e poliúria, ou micções mais freqüentes. Outros sinais são, letargia, anorexia, perda de peso, vômitos, diarréia, úlcera gástrica e/ou intestinal, mau hálito, fraqueza e intolerância ao exercício, ou inabilidade de se exercitar normalmente sem se cansar. Se associada à hipertensão (pressão alta), a insuficiência renal crônica pode levar à cegueira. As primeiras manifestações clínicas são poliúria e polidipsia compensatória em cães, ocorrendo com menor freqüência nos gatos devido aos hábitos livres dos felinos e da sua grande capacidade de concentração de urina. A desidratação é freqüente tanto nos cães quanto nos gatos, mas especialmente para os felinos, nos quais a ingestão de líquido não supera ou não equilibra a perda hídrica pela urina. A desidratação pode ser identificada pelo ressecamento das mucosas, perda da elasticidade cutânea e enoftalmia. Em pacientes com IRC avançada pode ocorrer disfunção do sistema nervoso como apatia, sonolência, letargia, tremores, desequilíbrio na ambulação, convulsões, estupor e coma. Alterações laboratoriais normalmente encontradas em cães e gatos com insuficiência renal crônica incluem hiperazotemia, hiperfosfatemia, aumento sérico de PTH, acidose metabólica e anemia não regenerativa, isostenúria, hipopotassemia, hipercolesterolemia, hipercalcemia ou hipocalcemia, hiperamilasemia, proteinúria e infecção do trato urinário. Outros exames, como cultura de urina, radiografias, ultra-som, tomada da pressão sanguínea e biópsia, podem ser indicados para se obter um diagnóstico completo da causa da doença.
Como formas de tratamento há a terapia específica, visando à causa primária da lesão renal; e a terapia conservativa, que consiste no tratamento sintomático do paciente. Cães com insuficiência renal crônica devem beber água fresca todo o tempo. Podem ser receitados medicamentos para controlar a náusea, inapetência, desequilíbrio mineral e eletrolítico, deficiências hormonais e pressão sanguínea alta. Cães com insuficiência renal crônica moderada podem precisar de administração de soro por via subcutânea, além de monitoramento feito por médico veterinário, regularmente. Pode ser realizado também tratamento suporte com fluidoterapia, terapia nutricional e terapia homeopática A freqüência das visitas vai depender da gravidade da doença e da reação do animal ao tratamento. Algumas alternativas como hemodiálise, diálise peritonial e transplante renal resultam na manutenção dos pacientes com boa qualidade de vida durante meses. A HEMODIÁLISE assim como a DIÁLISE PERITONEAL são processos de substituição temporária da função renal, diminuindo os niveis de toxinas uremicas. desta forma, melhora-se a condição geral do paciente, evitando que as toxinas acumuladas danifiquem outros sistemas orgânicos (cerebro, estomago, intestinos, sistema cardio-vascular etc...) enquanto ganha-se tempo para permitir que o tratamento instituido, visando a cura ou correção das causas dos insultos renais , surta efeito e se consiga recuperar total ou parcialmente um pouco da função renal.